Quando perdemos alguém temos a necessidade recorrente de falar sobre a pessoa, contar fatos e momentos que achamos importantes na sua vida, ou até mesmo lembrar coisas simples e bobas do dia-a-dia.
Isso acontece porque temos a necessidade de manter a pessoa viva na nossa vida e na nossa mente. E isso fica ainda mais forte quando é possível realizar homenagens que mostrem a importância dela na vida de alguém, da família, ou até da comunidade.
As homenagens são uma ótima aliada na elaboração do luto. Elas podem ser simples, como vestir uma camiseta com a foto, ou mais complexa, como a criação de um projeto que lute para que mais pessoas não percam a vida como essa que você tanto amava.
Cissa Guimarães é um exemplo de mãe que faz dos rituais e homenagens uma fonte de força para sua dor. Ela sempre cria movimentos que agrupem pessoas amigas para homenagear e lembrar seu filho Rafael. Outro exemplo é o de pais e mães que convertem seus lutos em ações generosas. Uma matéria postada no blog ONG Alerta, escrita por Nilson Mariano, fala sobre a dor que vira generosidade, e diz que eles (os Pais) acham forcas para criar entidades, fundações e ONGs, de perfis diferenciados, para evitar que outros jovens sofram o mesmo destino dos filhos que perderam.Homenagem: uma ótima aliada na construção do luto
Esses pais e mães encontram certo alívio às mortificações que o luto impõe. Acreditam que as entidades são como extensões dos filhos. É um jeito de manter os sonhos deles, continuar uma vida interrompida. Paralelamente, trabalhar pela sociedade ajuda a conviver com a separação. “Enquanto ela (a ONG) existir, é como se o meu filho estivesse vivo” – dizem os Pais que passaram por essa experiência tão difícil. O que eles mais desejam é tentar impedir que outras famílias também sejam sentenciadas à eterna aflição de perder um filho.
Os rituais também são uma forma de homenagem e importante para a superação do luto. O funeral, por exemplo, é a oportunidade da despedida. É o momento que acontece a conscientização da perda, o que ajudar dar o “start” ao processo de luto.
Nos casos em que não há o corpo para velar, o processo de luto se complica pois a realidade da perda não se concretiza. Não há a oportunidade da despedida. Por isso, os rituais de homenagem são muito importantes. Pudemos ver exemplo disso no caso da queda do avião da Gol, quando pétalas de rosas foram espargidas de helicóptero no local do acidente for familiares das vitimas.
Seja em datas comemorativas ou em dias comuns, qualquer forma de ritual ou homenagem traz sentido para o enlutado, deixando acesa a lembrança e a memória do ser amado que perdeu.
Autor: Taisa Lucia Berlingieri – Psicóloga Especialista em Intervenções em Perda e Luto